sexta-feira, 12 de março de 2010

O que os alunos devem aprender?

Os alunos devem aprender a utilizar a Informática conforme a necessidade.É sabida que, a geração atual,tem muita facilidade em aprender a lidar com novas tecnologias, porém não sabe limitar tempos ou concentrar esforços para atingir seus objetivos.É comum que alunos expostos a ferramentas que lhes permitam elaboração de trabalhos de alta qualidade visual percam muito tempo buscando essa qualidade em detrimento do conteúdo do material que estão produzindo. Pode ainda acontecer de alunos muito jovens se sentirem fascinados por softwares que não acrescentam nada em termos educacionais, como jogos de muita ação e pouco conteúdo.

Para que não aconteçam esses percalços, os professores devem introduzir novas ferramentas, somente quando elas são necessárias ou nos próprios períodos de aula, ou de maneira integrada com o andamento de seus cursos.
Para os alunos, como no caso dos professores, uma das maneiras mais efetivas de treiná-los e capacitá-los é facilitar a comunicação entre eles, criando grupos de discussão sobre o uso da informática, dando-lhes contas de correio eletrônico , e acesso à Web para pesquisas.
Segundo Franco (1997), ao contrário da avaliação do senso comum de que a informática só traz facilidade, os usuários dessa tecnologia têm de fazer um grande esforço para dominar computadores e programas cada vez mais complexos. Portanto, deve haver uma constante atualização, fadando ao fracasso profissional quem não se atualizar. Não sendo diferente do que ocorre na escola, o professor usuário de informática é quase obrigado a se atualizar para o uso de programas mais elaborados e computadores mais complexos (FRANCO, 1997 ).
Ainda encontramos Valente (1993) que disse:

[...]as situações de laboratório, o aluno deve coletar uma infinidade de dados que devem ser usados para elaborar um gráfico, por exemplo. Acontece que nessas situações é muito comum observar que a elaboração do gráfico passa a ser mais importante do que o uso do gráfico para compreender o fenômeno. O fato de termos o computa¬dor monitorando o fenômeno, um dos subprodutos pode ser a coleta de dados por parte do computador e a representação destes dados em forma de gráfico, isto acontecendo a medida que o fenômeno está se realizando. Neste caso, o gráfico é mais um recurso que o aluno dispõe para entender o que está acontecendo, do que uma representação dos fatos do fenômeno (VALENTE,1993 p.13) .

Então,a utilização de mecanismos de controle de processo pode estimular o aluno, que deixa de realizar tarefas rotineiras, de anotar dados, e passa a se dedicar à reflexão e ao entendimento do fenômeno em estudo. Entretanto, o processo de reflexão precisa ser mediado pelo professor, promovendo críticas e sugestões ao trabalho executado pelos alunos.
Mas afinal, usar computador na educação pode tornar o aluno mais inteligente? Para Seymour Papert,(1999) tudo depende do uso que se faz do computador.
Uma das mais ricas fontes de informação do mundo, a internet pode ajudar em qualquer lição de casa. Além de auxiliar na solução de problemas específicos, o computador também é útil para desenvolver a habilidade de leitura, comunicação pesquisa e vocabulário. Com todo esse ferramental à disposição , os alunos podem tornar-se mais criativos. Essa pelo menos é a opinião das 615 famílias americanas pesquisadas pela empresa Digital Research . Mais de dois terços dos pais ouvidos (61%) acreditam que seus filhos se tornaram mais criativos com o uso da tecnologia. Quando estão on-line , as crianças lêem analisam, avaliam, comparam seus pensamentos, contam histórias, colaboram e inovam [...].

Seduzindo o Professor

Para seduzir o professor a usar a máquina em suas práticas com os alunos, ele precisa, antes de tudo, ter alguma familiaridade com ela. Os educadores de hoje, em sua grande maioria, foram educados em uma sociedade não tão tecnológica e na sua formação profissional não tiveram a oportunidade de vivenciarem ambientes computacionais e refletirem sobre eles – nem mesmo nos cursos universitários.
Para ter familiaridade com essa tecnologia, a escola precisa colocar um (ou mais) computador na sala dos professores (com impressora), ou em outro lugar da escola, ao qual o professor tenha fácil acesso. Quem puder ter a máquina em sua casa, se desenvolverá melhor.
Diante dessa nova situação, é importante que o professor possa refletir essa nova realidade, repensar suas prática e construir novas formas de ação que permitam não só lidar com essa nova realidade, como também construí-la. Para que isso ocorra, o professor tem que ir para o laboratório de informática, sair de sua sala de aula e não deixar uma terceira pessoa fazer isso por ele. Estar aberto, permitir –se a aprender mais , enfim aceitar as mudanças.

Gouvêa (1999) comenta:
Professor será mais importante do que nunca, pois ele precisa se apropriar dessa tecnologia e introduzi-la na sala de aula, no seu dia-a-dia, da mesma forma que um professor, que um dia , introduziu o primeiro livro numa escola e teve de começar a lidar de modo diferente com o conhecimento – sem deixar as outras tecnologias de comunicação de lado.Continuaremos a ensinar e a aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela televisão, mas agora também pelo computador, pela informação em tempo real, pela tela em camadas, em janelas que vão se aprofundando às nossas vistas (GOUVÊA, 1999 p.70).
Mas para o professor apropriar-se dessa tecnologia, devemos segundo Froes mobilizar o corpo docente da escola a se preparar para o uso do Laboratório de Informática na sua prática diária de ensino-aprendizagem. Não se trata portanto, de fazer do professor um especialista em Informática, mas de criar condições para que se aproprie, dentro do processo de construção de sua competência, da utilização gradativa dos referidos recursos informatizados:somente uma tal apropriação da utilização da tecnologia pelos educadores poderá gerar novas possibilidades de sua utilização educacional.
Se um dos objetivos do uso do computador no ensino for o ser um agente transformador, o professor deve ser capacitado e seduzido para ser um facilitador da construção de conhecimento pelo aluno e não um mero transmissor de informações, sendo constantemente estimulado a modificar sua ação pedagógica.
Os professores devem receber incentivos ou compensações por seu trabalho extra na informatização de seus próprios cursos e suporte a colegas. Uma vez que a própria cultura da escola muda com as tecnologias, deve-se pensar em redefinições de regulamentos, regras aceitáveis de comportamento, regras democráticas de acesso aos recursos, compartilhamento dos mesmos com sociedade.

Informática .Educação.Educadores.Escola.Qual é o caminho?

Estamos praticamente vivendo na sociedade do conhecimento onde os processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque exigindo um profissional crítico, criativo, reflexivo e com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo. Cabe à educação formar esse profissional. No entanto, a educação capaz de formar esse profissional não pode mais ser baseada na instrução que o professor transmite ao aluno mas, na construção do conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento dessas novas competências.
Uma das tentativas de se repensar a educação tem sido feita por intermédio da introdução do computador na escola. Entretanto, a utilização do computador na educação não significa, necessariamente, o repensar da educação. O computador usado como meio de passar a informação ao aluno mantém a abordagem pedagógica vigente, informatizando o processo instrucional e, portanto, conformando e fossilizando a escola. Na verdade, tanto o ensino tradicional quanto sua informatização prepara um profissional obsoleto.
Entretanto, o processo de descrever, refletir e depurar não acontece simplesmente colocando o aluno em frente ao computador. A interação aluno-computador precisa ser mediada por um profissional que conhece os potenciais do computador, tanto do ponto de vista computacional, quanto do pedagógico e do psicológico. Esse é o papel do professor ou agente de aprendizagem. Além disso, o aluno como um ser social, está inserido em um ambiente social que é constituído, localmente, pelos seus colegas e, globalmente, pelos pais, amigos e mesmo a sua comunidade. O aluno pode usar todos esses elementos sociais como fonte de idéias, de conhecimento ou de problemas a serem resolvidos por intermédio do uso do computador. E está mais do que na hora das escolas se reciclarem e tornarem seus currículos e professores mais atualizados com os novos tempos.
A atividade do uso do computador na disciplina pode ser feita tanto para continuar transmitindo a informação para o aluno, e, portanto, para reforçar o processo tradicional de ensino (processo instrucionista), quanto para criar condições para o aluno construir seu conhecimento por meio da criação de ambientes de aprendizagem que incorporem o uso do computador (processo construcionista).
Haveria uma desumanização com o uso da máquina, com a eliminação do contato entre o aluno e o professor? O aluno de fato somente irá prescindir do contato com o professor se este restringir ( como classicamente o faz) a transmitir informações e conhecimentos. Os céticos , por sinal , estão presos a este modelo instrucionista e temem, portanto, a perda do papel tradicional do professor.
Sabemos que a informática vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vem aumentando de forma rápida entre nós. Nesse sentido, a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais a essa nova tecnologia. Houve época em que era necessário justificar a introdução da Informática na escola. Hoje, já existe quase um consenso quanto a sua importância. Entretanto o que vem sendo questionado é a forma com que essa introdução da informática vem ocorrendo.
A introdução da tecnologia em sala de aula coloca os estudantes e professores no mesmo campo – criando um novo desafio para os professores. Isso é sentido quando os estudantes sabem mais sobre tecnologia do que seus professores – ou simplesmente porque aprendem mais rapidamente. Inicialmente os professores podem sentir-se desconfortáveis nessa situação, mas eles descobrem também benefícios inesperados.
À medida que os professores realizam a mudança de papéis em sala de aula, eles começam ampliar sua idéia sobre o que significa ser um professor. Talvez mudem suas visões do ensino baseado no currículo, das tarefas individuais para o trabalho em grupo e do aprendizado passivo para o ativo.
Assim, o professor , deve ter muito claro o que é importante do ponto de vista pedagógico e como tirar proveito desta tecnologia da informática; de maneira que os objetivos devem ser bem definidos ao se trabalhar em um ambiente informatizado, a fim de que os mesmos não se tornem obsoletos e acabem perdendo seu legítimo significado, isto é, usar o computador de forma inteligente. Caso contrário informatizar a educação fica sendo solução mercadológica, moderninha e paliativa.
Ao longo dos últimos anos , tenho me surpreendido em ver que algumas escolas têm laboratórios de informática, com computadores e vários programas instalados. Mas, infelizmente, os professores e alunos não o freqüentam por falta de conhecimento, por medo das máquinas, por falta de manutenção da sala de computadores, ou, então, de infraestrutura adequada para os equipamentos, além de que muitas escolas os têm, mas não há um planejamento adequado, direcionado, e com profissionais habilitados para esse fim, e sim, técnicos que pouco entendem do processo ensino-aprendizagem.
Sem dúvida há um grande interesse das pessoas em discutir o uso do computador na escola. Ouvindo suas experiência, inquietações e desejos, posso dizer que muitos professores gostariam de usar a tecnologia em suas aulas. Entretanto, Não sabem como!Não encontram orientação,não têm tempo e recursos financeiros para se dedicar a isso.
Porém, Valdemar Setzer (1994) em diversos artigos e publicações faz uma crítica veemente ao uso de tecnologias na educação . Para ele, mais do que políticas públicas ou pressões de indústrias,mais do que modernização de educação ou inter-relação dos recursos com os projetos pedagógicos, o uso da informática na educação,principalmente , na infantil, é prejudicial e compromete o seu desenvolvimento saudável. Para ele, a máquina desenvolve um tipo de linguagem lógico-simbólica, um pensamento matemático restrito que força o pensamento da criança para esse tipo de construção, o qual seria inadequado para essa fase de desenvolvimento do ser humano. Setzer posiciona-se de forma determinante quanto ao não uso de computadores até que as crianças atinjam a idade de 14 anos.Argumentos enfatizam o uso de computadores para acompanhar a educação moderna, para melhorar o rendimento do aluno, para acelerar o desenvolvimento intelectual são, para ele, descartáveis. Defende que, as tecnologias têm sido muito mais utilizadas como cosmético na educação e que o aceleramento no desenvolvimento intelectual da criança pode ter efeitos prejudiciais no seu crescimento global porque força a comportar-se e pensar como um adulto, cedo demais, roubando períodos importantes da própria infância (SETZER,1994).
Eis aí um ponto para ser refletido quando se aborda este tema: será que há uma ponderação entre os supostos benefícios e prejuízos que os computadores podem proporcionar no processo de ensino-aprendizagem?
Falar sobre as novas tecnologias da informação e da comunicação na escola é um desafio pois, dependendo do ponto de vista que assumimos, esse tema pode tornar-se polêmico e de difícil ponto de equilíbrio. Portanto a linha deste trabalho parte do princípio da utilização do computador como uma ferramenta ou instrumento –meio para atingir objetivos propostos nos currículos e nos planejamentos pedagógicos.
Tentando encontrar uma melhor forma e novos desafios para a escola integrar-se às novas tecnologias de maneira adequada e contínua, procurarei partir do referencial de que não é somente aprender a lidar com os computadores. Parto da concepção de que a educação é um processo de formação integral dos seres humanos e o novo contexto exige de todos nós reflexão e tempo para superar as nossas limitações profissionais e contradições pessoais, onde haja disposição para crescer, atualizar , permitir e aceitar o novo.

quinta-feira, 11 de março de 2010