Estamos praticamente vivendo na sociedade do conhecimento onde os processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque exigindo um profissional crítico, criativo, reflexivo e com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo. Cabe à educação formar esse profissional. No entanto, a educação capaz de formar esse profissional não pode mais ser baseada na instrução que o professor transmite ao aluno mas, na construção do conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento dessas novas competências.
Uma das tentativas de se repensar a educação tem sido feita por intermédio da introdução do computador na escola. Entretanto, a utilização do computador na educação não significa, necessariamente, o repensar da educação. O computador usado como meio de passar a informação ao aluno mantém a abordagem pedagógica vigente, informatizando o processo instrucional e, portanto, conformando e fossilizando a escola. Na verdade, tanto o ensino tradicional quanto sua informatização prepara um profissional obsoleto.
Entretanto, o processo de descrever, refletir e depurar não acontece simplesmente colocando o aluno em frente ao computador. A interação aluno-computador precisa ser mediada por um profissional que conhece os potenciais do computador, tanto do ponto de vista computacional, quanto do pedagógico e do psicológico. Esse é o papel do professor ou agente de aprendizagem. Além disso, o aluno como um ser social, está inserido em um ambiente social que é constituído, localmente, pelos seus colegas e, globalmente, pelos pais, amigos e mesmo a sua comunidade. O aluno pode usar todos esses elementos sociais como fonte de idéias, de conhecimento ou de problemas a serem resolvidos por intermédio do uso do computador. E está mais do que na hora das escolas se reciclarem e tornarem seus currículos e professores mais atualizados com os novos tempos.
A atividade do uso do computador na disciplina pode ser feita tanto para continuar transmitindo a informação para o aluno, e, portanto, para reforçar o processo tradicional de ensino (processo instrucionista), quanto para criar condições para o aluno construir seu conhecimento por meio da criação de ambientes de aprendizagem que incorporem o uso do computador (processo construcionista).
Haveria uma desumanização com o uso da máquina, com a eliminação do contato entre o aluno e o professor? O aluno de fato somente irá prescindir do contato com o professor se este restringir ( como classicamente o faz) a transmitir informações e conhecimentos. Os céticos , por sinal , estão presos a este modelo instrucionista e temem, portanto, a perda do papel tradicional do professor.
Sabemos que a informática vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vem aumentando de forma rápida entre nós. Nesse sentido, a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais a essa nova tecnologia. Houve época em que era necessário justificar a introdução da Informática na escola. Hoje, já existe quase um consenso quanto a sua importância. Entretanto o que vem sendo questionado é a forma com que essa introdução da informática vem ocorrendo.
A introdução da tecnologia em sala de aula coloca os estudantes e professores no mesmo campo – criando um novo desafio para os professores. Isso é sentido quando os estudantes sabem mais sobre tecnologia do que seus professores – ou simplesmente porque aprendem mais rapidamente. Inicialmente os professores podem sentir-se desconfortáveis nessa situação, mas eles descobrem também benefícios inesperados.
À medida que os professores realizam a mudança de papéis em sala de aula, eles começam ampliar sua idéia sobre o que significa ser um professor. Talvez mudem suas visões do ensino baseado no currículo, das tarefas individuais para o trabalho em grupo e do aprendizado passivo para o ativo.
Assim, o professor , deve ter muito claro o que é importante do ponto de vista pedagógico e como tirar proveito desta tecnologia da informática; de maneira que os objetivos devem ser bem definidos ao se trabalhar em um ambiente informatizado, a fim de que os mesmos não se tornem obsoletos e acabem perdendo seu legítimo significado, isto é, usar o computador de forma inteligente. Caso contrário informatizar a educação fica sendo solução mercadológica, moderninha e paliativa.
Ao longo dos últimos anos , tenho me surpreendido em ver que algumas escolas têm laboratórios de informática, com computadores e vários programas instalados. Mas, infelizmente, os professores e alunos não o freqüentam por falta de conhecimento, por medo das máquinas, por falta de manutenção da sala de computadores, ou, então, de infraestrutura adequada para os equipamentos, além de que muitas escolas os têm, mas não há um planejamento adequado, direcionado, e com profissionais habilitados para esse fim, e sim, técnicos que pouco entendem do processo ensino-aprendizagem.
Sem dúvida há um grande interesse das pessoas em discutir o uso do computador na escola. Ouvindo suas experiência, inquietações e desejos, posso dizer que muitos professores gostariam de usar a tecnologia em suas aulas. Entretanto, Não sabem como!Não encontram orientação,não têm tempo e recursos financeiros para se dedicar a isso.
Porém, Valdemar Setzer (1994) em diversos artigos e publicações faz uma crítica veemente ao uso de tecnologias na educação . Para ele, mais do que políticas públicas ou pressões de indústrias,mais do que modernização de educação ou inter-relação dos recursos com os projetos pedagógicos, o uso da informática na educação,principalmente , na infantil, é prejudicial e compromete o seu desenvolvimento saudável. Para ele, a máquina desenvolve um tipo de linguagem lógico-simbólica, um pensamento matemático restrito que força o pensamento da criança para esse tipo de construção, o qual seria inadequado para essa fase de desenvolvimento do ser humano. Setzer posiciona-se de forma determinante quanto ao não uso de computadores até que as crianças atinjam a idade de 14 anos.Argumentos enfatizam o uso de computadores para acompanhar a educação moderna, para melhorar o rendimento do aluno, para acelerar o desenvolvimento intelectual são, para ele, descartáveis. Defende que, as tecnologias têm sido muito mais utilizadas como cosmético na educação e que o aceleramento no desenvolvimento intelectual da criança pode ter efeitos prejudiciais no seu crescimento global porque força a comportar-se e pensar como um adulto, cedo demais, roubando períodos importantes da própria infância (SETZER,1994).
Eis aí um ponto para ser refletido quando se aborda este tema: será que há uma ponderação entre os supostos benefícios e prejuízos que os computadores podem proporcionar no processo de ensino-aprendizagem?
Falar sobre as novas tecnologias da informação e da comunicação na escola é um desafio pois, dependendo do ponto de vista que assumimos, esse tema pode tornar-se polêmico e de difícil ponto de equilíbrio. Portanto a linha deste trabalho parte do princípio da utilização do computador como uma ferramenta ou instrumento –meio para atingir objetivos propostos nos currículos e nos planejamentos pedagógicos.
Tentando encontrar uma melhor forma e novos desafios para a escola integrar-se às novas tecnologias de maneira adequada e contínua, procurarei partir do referencial de que não é somente aprender a lidar com os computadores. Parto da concepção de que a educação é um processo de formação integral dos seres humanos e o novo contexto exige de todos nós reflexão e tempo para superar as nossas limitações profissionais e contradições pessoais, onde haja disposição para crescer, atualizar , permitir e aceitar o novo.
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